terça-feira, 5 de julho de 2016

Uma reflexão sobre a análise de desempenho dos goleiros (Parte 1)

 Depois de um bom tempo afastado do blog, voltamos com conteúdos interessantes para as Análises de Desempenho no futebol. Hoje publicaremos a 1º parte de um artigo que busca refletir sobre os métodos para avaliar o desempenho dos goleiros. Confere aí:

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            Todos os amantes do futebol (analistas ou não) sabem quão complexa uma partida de futebol pode ser, com inúmeros eventos secundários (passes, desarmes, finalizações, tiros de meta, defesas, carrinhos, escanteios, etc.) que são executados tendo um único objetivo: marcar um gol no adversário. Para isso ocorrer, as equipes se estruturam taticamente munidas de diversas estratégias, dispondo seus atletas em posições de acordo com as características individuais de cada um. Tudo isso, para marcar mais gols que seu adversário. Dentro desse universo particular, os goleiros estão inseridos à fim de evitar que os gols sejam realizados... uma tarefa ingrata, diga-se de passagem. Ou seja, existe um universo ainda mais complexo por trás desta posição tão injustiçada do futebol.

            Partindo do pressuposto de que queremos refletir sobre o método de análise de desempenho dos goleiros, antes de mais nada temos que esclarecer alguns pontos. Tais como:
            - Como definir um bom goleiro ?
            - Como definir um mau goleiro ?
            - Como analisar o desempenho de um goleiro ?


·         BOM GOLEIRO: Quando dizemos que um goleiro é bom, afirmamos isso com base em quais critérios?
o   Menor média de gols sofridos ?
o   Maior percentual de jogos sem sofrer gols (clean-sheets) ?
o   Maior quantidade de defesas ?
Com certeza, estes são os critérios genéricos mais utilizados no meio futebolístico, porém se pararmos para pensar, estes critérios são muito vagos e não nos dizem informações realmente relevantes para avaliar o desempenho de um goleiro. Por exemplo: 

Tudo depende da perspectiva da análise que queremos elaborar. Talvez, se quisermos apenas ter uma noção básica, estes números podem ser utilizados. Mas em todos os casos, o segredo é não analisar números isolados. Perceba a diferença:

 





Isoladamente estes goleiros podem ter sido avaliados como os melhores de seus respectivos campeonatos. Porém se além destas informações, utilizássemos os 3 índices ? Vamos ver:
 


                 Agrupando os 3 índices, aumentamos nossas chances de realmente eleger o melhor goleiro... Será ? Mas se o goleiro sair mau do gol ? Se a reposição dele for ruim ? Se o goleiro falhar constantemente ?

            Este assunto é tão complexo e rico em detalhes, que veremos este detalhamento mais pra frente. Por enquanto continuaremos nos aspectos gerais. Um outro exemplo, de que números isolados “não querem dizer nada” é quando falamos das famosas defesas difíceis. Geralmente são defesas plasticamente bonitas, que exigem um alto grau de técnica, tempo de reação e elasticidade dos goleiros, mas é uma questão muito particular que depende dos critérios utilizados, é muito relativo: o que é difícil para um pode não ser difícil para outro. Por exemplo:

            - GOLEIRO ESPALHAFATOSO: Temos um goleiro que todo jogo realiza saltos incríveis em chutes em sua direção... a mídia e a grande maioria das pessoas que estiverem assistindo o jogo, classificarão este tipo de defesa como “difícil”.

            - GOLEIRO MAU POSICIONADO: Se um goleiro acaba realizando movimentos extremamente difíceis à todo momento e que exigem muito de suas técnicas de passadas laterais, elasticidade e tempo de reação, muito provavelmente este goleiro está se posicionando mau para as finalizações, e isso faz que ele “compense” esta falha com a técnica e reflexos apurados.


            Perceba que mais uma vez, derrubamos uma falácia de avaliação de goleiro. A quantidade de defesas difíceis em si, não diz muita coisa.


Por esses e outros motivos, é mais difícil do que parece classificar um bom goleiro.
(Continua...)

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